domingo, 24 de maio de 2009

Pirata, início triste, final feliz!

Esse rotweiller foi encontrado pela protetora Alessandra vagando nas ruas de Bayeux, município vizinho a João Pessoa. Estava desorientado, com um pedaço de corda amarrada em seu pescoço, muito desnutrido e acima do olho esquerdo, um enorme ferimento com odor fétido e cheio de larvas de mosca, que atingira também o globo ocular.

Sem se intimidar com o tamanho do mocinho, Alessandra o colocou no carro e partiu para a clínica de um veterinário conhecido, que não deu a ela muitas esperanças em relação ao seu caso, inclusive sugerindo que fosse sacrificado. Não conformada com o diagnóstico do vet, Alessandra me ligou e eu recomendei que ouvisse uma segunda opinião e o levasse a clínica de Dr. Eclenilson, lugar para onde levo os todos os meus resgatados. Tenho uma extrema confiança nele por sua competência e desvelo com os animais. Não mede esforços na recuperação dos focinhos e mais do que isso, tem um coração generoso e se compadece com o sofrimento dos animais. Justamente por isso foi que disse à Alessandra que, o que Dr. Eclenilson dissesse em relação ao estado deste rotweiller, que ela podia confiar... E assim foi feito... (desculpem a babação...rsrsrsr)

Chegando lá, sua ferida foi rapidamente lavada e teve aplicação Kuraderm, spray cicatrizante e repelente, recebeu medicação para matar as larvas e ovos da mosca e entrou no antibiótico e antiinflamatório.
Os dias foram passando, já não se sentia mais o odor fétido e percebíamos a maravilhosa cicatrização de sua ferida. Comia bem, começou a engordar e se relacionava muito bem com os outros animais internados.

Gostaria de fazer um pequeno aparte para dar mais uma "babada" nessa clínica veterinária. Acho muito legal o costume que eles tem de soltar os animais em uma área cercada, pelo menos duas vezes ao dia, para esticarem os cambitos, tomarem um solzinho, com o objetivo de diminuir o estresse a que todos os animais passam por estarem internados. Ficam lá perambulando, fazem suas "caquinhas", interagem entre si (aqueles que sabidamente são dóceis e sociáveis) e por vezes ficam por lá, esparramados no chão "pegando um bronze" ou simplesmente cochilando. Isso me dá a certeza da preocupação que se tem com o emocional desses pacientes, para além do tratamento que eles já estão recebendo. Muito legal isso!

Bem, voltando ao mocinho em questão... por estar com o olho esquerdo comprometido sendo até possível que tivesse perdido a visão, passou a ser chamado de Pirata. Havia também a possibilidade de ter que fazer a retirada do globo ocular caso o mesmo tivesse sido necrosado pela miíase, mas somente com o tempo e o "andar" da sua recuperação é que de fato teríamos a certeza ou não de que teria perdido a visão e da necessidade da cirurgia.

Felizmente o pior não se comprovou. Quando foi resgatado, Pirata não abria o olho e sua pálpebra estava muito inchada. Com o passar do tempo, a pálpebra desinchou e ele conseguiu, aos poucos, abrir o olho. Foi aí que o vet fez a avaliação oftalmológica e constatou que não só seu olho não foi "comido" pelas larvas como também ele estava enxergando perfeitamente... Que notícia maravilhosa, como esses focinhos nos surpreendem... E pensar que Pirata poderia não estar mais aqui conosco...

E o melhor vem agora... Antes mesmo de começarmos a batalhar sua adoção, Pirata foi adotado pelo vet que o tratou. Isso mesmo... Dr. Eclenilson resolveu adotá-lo para fazer a guarda da clínica. Apesar de ser muito dócil com as pessoas e animais em geral (sim, ele tem os seus desafetos...), vai receber adestramento para se tornar "controlável" pois é um animal de grande porte, força e energia. Mesmo estando ainda em recuperação, Pirata já assumia a postura de guarda, vigiando a tudo e a todos que circulavam pela clínica.

Quer coisa melhor? Ter assistência veterinária 24 horas, comidinha na hora certa e ser paparicado em tempo integral pelos cuidadores?

Graças à Deus e a existência de pessoas de coração repleto de compaixão, Pirata é mais uma vidinha salva, menos um focinho a sofrer nas ruas e que teve um final feliz...
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Fica aqui a mensagem: em se tratando de vidas, é fundamental ouvirmos uma segunda opinião. Certos profissionais tem uma metodologia de atuação mais drástica, por vezes, ceifando vidas desnecessariamente. Não entregue o seu animal ao sacrifício antes de ter ABSOLUTA certeza de que o seu caso é irremediável e que causará muito sofrimento pra ele.

Lutemos pelos nossos amiguinhos até o fim. Eles fazem isso por nós, muito mais do que isso, eles dão a vida pra nos salvar...

Paz e luz, sempre...

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